domingo, 15 de novembro de 2009

Tarô


O tarô Visconti-Sforza

As primeira lâminas de tarô que foram pintadas na história da humanidade foram um trabalho iluminado. A Itália aparece como a primeira produtora de cartas de tarô, provavelmente devido à sua aristocracia (e as cartas eram feitas sob encomenda). Existe hoje uma série de decks do original incompleto das famílias Visconti e Sforza, que dominaram a área de Milão do meio do séc. XIV até o final do séc. XV.

Bernabo Visconti era Lord de Milão. Seu sobrinho, Giangaleazzo, extendeu sua liderança pelo norte da Itália durante 17 anos. Em 1395, ele recebou do imperador Wenceslas (Alemanha) o título de Duque de Milão – um título hereditário. Ele morreu em decorrência da praga, em 1402. Ele havia criado um monastério chamado Certosa, que continuou após sua morte. Esse monastério parece ter sido retratado em algumas lãminas (Morte, Temperança, Estrela, Lua e Sol), no deck de Pierpont Morgan-Bergamo. A família Visconti adotou a serpente – devorando um homem pela metade – como seu símbolo.

Sforza foi um apelido que se tornou um sobrenome adotado pela família da Rainha Joana II de Nápoles. Quando o Duque Giangaleazzo se juntou à família Scala em 1387, havia um assistente chamado Alberico da Barbiano, que comandava alguns homens – dentre eles, um tal de Muzio Attendolo. Ele era tão bom que Alberico o apelidou de Sforza, que significa “força”. Ele ficou famoso na Itália pelos seus serviços militares, recebendo inclusive um prêmio do Papa João XXIII. Na época de Rupert III, imperador dos romanos, ele ganhou o direito de usar um leão em seu brasão. Mais tarde, devido a uma confusão, Sforza foi ridicularizado pelo Papa. Ele morreu em 1424, mas seu apelido foi adotado pela família da Rainha Joana II como sobrenome.

O filho de Sforza, Francesco, casou-se em 1441 com Bianca Maria Visconti, unindo assim as duas famílias. Em 1450, ele se tornou o quarto Duque de Milão, conduzindo a cidade eficiente e pacificamente. Eles tiveram sete filhos, que continuaram a linhagem, até tornarem-se prisioneiros da França em 1535.

A identificação das lâminas com as famílias Visconti e Sforza se deu pela existência de símbolos que aludiam às famílias. O leão aparece na lâmina do Rei de Espadas; os anéis entrelaçados (outro símbolo deles) aparece nas lâminas da Imperatriz e do Imperador, dentre outros símbolos.

Incompletos grupos de cartas sobreviveram ao tempo – de cartas únicas até decks de 78 cartas. Essas cartas milanesas muitas vezes são chamadas de deck de Lombard porque foram produzidas no que hoje é chamada de província da Lombardia. Todas as cartas foram pintadas à mão e a maioria parece datar da metade do séc. XV. Algumas cartas são bem diferentes entre si, o que pode nos dizer que diversos artistas trabalharam nelas – talvez aprendizes testando o ofício. Algumas cartaz apresentam um furo atribuído ao fotógrafo Emiliano de Parravicino, que montou uma reportagem para a Burlington Magazine em 1903.

Foram encontradas 239 cartas até hoje, e elas permanecem distribuídas em museus de diversos países.

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